Publicado em: 20/07/2022 11:58:35
Livros bilíngues tratam da língua, história e cultura Makurap
Com o objetivo de contribuir para a consolidação da educação escolar indígena, pesquisadores da Universidade Federal de Rondônia (UNIR) elaboraram dois livros didáticos bilíngues para ensino da língua materna do povo Makurap, frutos de um trabalho que vem sendo construído junto aos povos indígenas desde 2013. Os materiais foram entregues nas aldeias do povo Makurap em maio e junho de 2022 e já estão sendo utilizados pelos professores das escolas indígenas localizadas na Terra Indígena Rio Guaporé, em Guajará-Mirim, e Aldeia São Luiz, na Terra Indígena Rio Branco, em Alta Floresta D'Oeste.
As obras são “Ensinando a Língua Makurap - Volume I”, de Agnaldo Makurap, e “Kitetyã Makurap Yéraen Toalet - Nossas histórias Makurap”, de Analice Makurap, Alessandra Makurap, Agnaldo Makurap, Maísa Makurap, Valdemir Makurap e Valmir Makurap. Conforme explica a professora Roseline Mezacasa, docente no Departamento de Educação Intercultural (Deinter/UNIR), e coordenadora da pesquisa em parceria com a professora Carolina Aragon, da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), o povo Makurap foi protagonista na construção dos materiais, que além de serem editados em sua língua materna, indispensável para uma efetiva construção da política pública para Educação Escolar Indígena, registram também a cultura e a história Makurap, suas percepções e relações com a floresta e com os territórios onde vivem.
“A perspectiva da autonomia e do protagonismo dos povos indígenas foi a orientação de toda a construção. Oficinas foram realizadas nas aldeias promovendo intercâmbios entre professores e professoras indígenas, anciões, anciãs, jovens e crianças que participaram dessa conquista. Assim, vamos construindo os caminhos de uma universidade pública comprometida com os povos indígenas, bem como com a Educação Escolar Indígena específica e bilíngue”, comenta a professora Roseline.
Para o professor indígena e coautor dos livros Agnaldo Makurap, as publicações são um registro histórico muito importante da sobrevivência e resistência de seu povo e de sua língua, “que agora está sendo registrada para que seja vista pela sociedade, mostrando que nós existimos, que estamos vivos e que seguiremos em frente. É um documento que vai ficar para os nossos filhos, netos e demais”.
Trata-se também da realização de um sonho particular de Agnaldo, como explicou, enquanto professor indígena e pesquisador. “Hoje os nossos jovens Makurap vivem e convivem com realidades muito diferentes, a do mundo do branco e da cultura Makurap, onde a influência da língua portuguesa é muito forte e a nossa língua está sendo cada vez mais enfraquecida. Então, os livros são o início de como podemos fortalecer a nossa língua para ajudar os nossos jovens, as nossas crianças e as nossas novas gerações”, concluiu o professor. Ele também destacou e agradeceu a contribuição de todo o povo Makurap, em especial seus pais, sabedores da cultura Makurap, que o incentivaram a registrar os conhecimentos da língua e da cultura do seu povo, e aos pesquisadores que conduziram os estudos.
Os livros contaram ainda com o apoio da Fundação de Amparo ao Desenvolvimento das Ações Científicas e Tecnológicas e à Pesquisa do Estado de Rondônia (Fapero)no financiamento da pesquisa, e do Tribunal de Justiça de Rondônia (TJRO) para publicação.
Para saber mais sobre o povo Makurap e outros povos indígenas, acesse o site projetomemoriasindigenasro.unir.br.
Fonte: https://www.unir.br/noticia/exibir/10027